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Profissionais da Educação da Prefeitura de Hortolândia celebram "Setembro Azul", mês de visibilidade da comunidade surda brasileira Destaque

  • Escrito por  Departamento de Comunicação

Comunidade escolar poderá assistir a programas sobre o tema, com interpretação de Libras, pelo canal da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia no YouTube

Profissionais da rede municipal de educação de Hortolândia prepararam uma programação especial para celebrar o "Setembro Azul", mês de visibilidade e conscientização sobre a comunidade surda. Parte da programação, destinada a professores e demais profissionais, já está disponível no Canal da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia no YouTube; a outra, voltada aos estudantes, vai ao ar, nesta quinta-feira (30/09), às 18h30, no programa Território de Saberes, disponível neste link: https://www.youtube.com/secretariadeeducacaocienciaetecnologiahortolandia.

Todo o material sobre o tema, tanto as sessões formativas quanto os episódios, tem interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais), e poderá ser acessado sempre que o público quiser no link acima.

A ação “Setembro Azul” visa garantir o respeito e promover o reconhecimento das línguas de sinais em diferentes países. Neste mês, são comemoradas três datas em homenagem ao público surdo: Dia Internacional das Línguas de Sinais (23/09); Dia Nacional do Surdo (26/09), data de fundação do Instituto Nacional de Educação dos Surdos, a primeira escola para surdos do Brasil e Dia do Tradutor Interprete, que acontece nesta quinta-feira (30/09).

Educação de surdos em Hortolândia

De acordo com a Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, a preocupação com a Educação de Surdos em Hortolândia surgiu junto com a cidade. Desde 1993 o município oferece atendimentos aos alunos com deficiência auditiva e surdez. Em 2011, o município criou o primeiro polo com a proposta de Escola Bilíngue (Libras e Português escrito) para a EJA (Educação de Jovens e Adultos), a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Caio Fernando Gomes Pereira, no Jd. Nossa Senhora Auxiliadora. Posteriormente, ele foi transferido para a Emef Marleciene Priscila Presta Bonfim, no Remanso Campineiro. A partir do êxito deste trabalho, foi implantado o projeto piloto para séries iniciais na Emef Renato de Costa Lima, no Jd. Amanda, garantindo assim o direito dos surdos à sua inclusão primeira, que deve acontecer junto à comunidade que fala a mesma língua (Libras). Nesta ação, a Secretaria aproxima surdos tanto de surdos quanto de ouvintes que falam em Libras e querem aprender Libras, promovendo uma ação afirmativa e ao mesmo tempo inclusiva.

Para viabilizar o projeto, todos os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental são transportados até a Emef Renato de Costa Lima, onde recebem acompanhamento dos professores especializados em audiocomunicação e intérpretes. Foi introduzida a disciplina de Libras em todas as salas de aula, uma vez na semana. Aos professores e demais funcionários é oferecida formação continuada em Libras, semanalmente. Anualmente, é realizado o curso de Libras, com 120 horas e 180 vagas abertas a todos os interessados, sendo divididos em grupos: comunidade, funcionários do serviço público, professores e educadores infantis e infantojuvenil, além de estagiários.

“O trabalho tem demonstrado bons resultados. Para o próximo ano temos novas propostas para o Currículo Educacional que está sendo articulado e montado a partir das contribuições da rede de professores, especialistas e comunidade geral. Lógico que a luta não é fácil. É imprescindível trabalhar a conscientização, combater o preconceito e mitos para que os surdos sejam reconhecidos como pessoas e profissionais capazes. O Surdo pode tudo! A sociedade precisa entender e reconhecer as especificidades dos surdos no que se refere à comunicação, à questão da identidade linguística e cultural. O caminho é árduo e não está feito, está sendo construído a pequenos passos e com a certeza de que buscamos o melhor para nossos alunos e famílias”, afirma a coordenadora da Educação Especial e Inclusiva da Prefeitura, Regina Célia A.D. Shigemoto.

"Os desafios que a pandemia nos propiciou funcionaram como uma alavanca para novos conhecimentos e práticas. Dentre eles o de conhecimentos e manipulação das mídias e meios de comunicação como metodologia e/ou suporte para a continuidade do trabalho docente. A importância não só da produção, mas da disponibilização dessas produções aos alunos e à comunidade fez com que o universo do conhecimento fosse expandido e atrelado a isso, a interpretação em Libras destes conteúdos, além de os tornarem mais acessíveis a todos, demonstra a preocupação de toda a Secretaria de Educação no atendimento de modo igualitário e com qualidade. Muito mais do que um direito, tal ação demonstra humanidade e empatia para com a sociedade surda em nossa comunidade", ressalta o professor e intérprete de Libras, Marco Antônio da Silva, que traduz em Libras as sessões formativas e episódios postados no Programa Território de Saberes.

Dia Nacional do Surdo e Setembro Azul

O dia 26 de setembro foi escolhido para representar a luta da comunidade surda brasileira por ser a data da criação da primeira escola de surdos no Brasil. Em 1857, nesta mesma data, no Rio de Janeiro, o então imperador brasileiro, Dom Pedro II, fundou o Instituto Imperial de Surdos-Mudos. O professor francês Édouard Huet, também surdo, foi convidado a lecionar às crianças surdas como forma de integrar essas pessoas à sociedade. As aulas eram ministradas em Língua de Sinais Francesa, o que resultou em uma forte influência na construção da Língua Brasileira de Sinais. Mas tarde o Instituto Imperial recebeu o nome de Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Até hoje, ele se dedica ao ensino bilíngue de pessoas surdas no Brasil. 

A mobilização para a visibilidade das pessoas surdas leva o nome de "Setembro Azul", porque esta cor remonta ao uso da fita azul colocada no braço de deficientes pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, identificando-as como tal. A data é importante, por chamar atenção para a comunidade surda e sua luta em prol da inclusão na sociedade. Como resultado de suas reivindicações, os surdos já conquistaram direitos fundamentais, como o uso e a difusão da Libras (lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002 e do Decreto nº 5.626/2005), a obrigatoriedade dessa língua na formação de professores, as cotas para obterem trabalho tanto no setor público quanto na esfera privada, entre outros. A mais recente conquista é a Lei 14.191, de 2021, que insere a Educação Bilíngue de Surdos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394, de 1996), como uma modalidade de ensino independente. A Educação Bilíngue tem a Libras como primeira língua e o português escrito como a segunda.

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